relógios: dias de areia: segundos de chuva:

relógios: dias de areia: segundos de chuva:
Instalação realizada para a exposição individual de mesmo nome ocorrida na Central Galeria de Arte, São Paulo, 2015. Elementos utilizados: vídeo, quatro paus-de-chuva em acrílico (100cm, 120cm, 140cm e 160cm x 5cm x 5cm), dois recortes em vinil adesivo.
 
Rumores Rumores Rumores
Rumores Rumores
   


Esta instalação se situa na continuidade de trabalhos apresentados por mim na Bienal de Veneza em 2013 e dos projetos desenvolvidos durante a residência preparatória para a Bienal de Yakutsk, na Rússia, em 2014. Alguns aspectos são recorrentes nesses trabalhos, tais como os sinais de pontuação, a relação dentro-fora, a ênfase nas relações como ativadoras de sentidos e as articulações estabelecidas com os diversos elementos entre si, com o espaço expositivo e com o visitante. Especificamente em relógios: dias de areia: segundos de chuva: há um foco no tempo como clima e no tempo como cronologia, cronografia, etc., por proximidade, associação ou justaposição.

A instalação é constituída por um vídeo que mostra algumas mãos segurando areia, fazendo-a deslizar e transferindo-a para outras mãos, mudando de posição ao longo desse processo (como uma espécie de relógio de areia, uma ampulheta). Além disso, é composta também por quatro instrumentos (paus-de-chuva) em acrílico preto com sinais de pontuação em branco, possuindo diferentes alturas (1m, 1,20m, 1,40m e 1,60m), e por pontuações em vinil cinza claro adesivadas na arquitetura da sala.

Os sons dos paus-de-chuva constituem um tipo de trilha sonora que dialoga com o vídeo na instalação e são produzidos pelos visitantes que manipulam eles mesmos esses instrumentos. Essa trilha sonora não está subordinada às imagens, não é uma ilustração, tampouco está em sincronia com elas. As relações são mútuas, e podem ser invertidas – o som para a imagem, a imagem para o som. Podemos observar aqui os aspectos de descontinuidade, de contraste e de heterogeneidade do som em relação às imagens dos vídeos, bem como a forma direta, pessoal, física e experimental de produzi-lo. Ao manipularmos o instrumento, ocorre a lenta transferência das minúsculas esferas situadas no seu interior, de uma extremidade à outra, em uma alternância de movimento e de posição similar à transferência da areia de uma parte do recipiente para o outro em uma ampulheta.

Hélio Fervenza

Vídeo sobre o processo de criação da instalação:
https://www.youtube.com/watch?v=PSH2xgIvXNg

Vídeo realizado durante a exposição, com registro de experimentações sonoras: https://vimeo.com/143086668